Do Barro ao Caos

“Ceramicaos” foi um nome que surgiu quase ao acaso, e que melhor parece expressar o processo criativo atrelado à produção destas peças. Trata-se de um fazer intuitivo, quase visceral, na maioria das vezes sem projeto, em uma dinâmica colaborativa entre mãos e barro, no qual as formas se consolidam e ganham expressão, contorno e significado ao longo de sua produção. As obras costumam ser totalmente modeladas a partir de um único punhado inicial de argila, e vão ganhando formas ao mesmo tempo estéticas e estruturais, respeitando as possibilidades e as limitações dos materiais. Em algumas das peças, outros materiais também são agregados ao processo, diversificando cores e texturas, como vidro, areia da praia, elementos vegetais ou conchas do mar. As formas finais, embora abstratas, combinam diversas inspirações, como elementos naturais ou mesmo criaturas fantásticas. Ocasionalmente, as peças ganham ainda palavras gravadas como tatuagens na pele do barro, dialogando com suas formas e estabelecendo mais uma camada de significados. Ao final do processo, como em um caldeirão alquímico, conta-se ainda com a contribuição do caos, do acaso e do calor do forno, que trabalham em conjunto para resultados inesperados e surpreendentes.